Pondera, Pandora, como se isto fosse um diário

Pondera, Pandora, como se trabalhasse para rever-se, inteira, neste diário

Um ou dois aforismos
Não sei explicar o motivo, mas sempre ouvi com um misto de curiosidade e desconfiança as pessoas que gostam de dar opinão introduzida mais ou menos assim: "como diz o poeta" ou "e como disse o outro". Apesar disso, coleciono alguns aforismos, cujos autores eu prefiro indicar a deixar no ar.

Teixeira de Pascoaes, por exemplo, tinha uns fantásticos: "Amar é dar à luz o amor, personagem transcendente"; "Só os olhos das árvores vêem a esperança que passa"; "Existir não é pensar; é ser lembrado"; "A indiferença que cerca o homem demonstra a sua qualidade de estrangeiro"; "Vivemos como num estado de transmigração para a nossa fotografia".

Ele viveu em Amarante! Pena que não se respire o mesmo ar nos dias de hoje...

O aforismo dele de que eu mais gosto, no entanto, entre os que saíram publicados pela Assírio & Alvim, traz o seguinte:

"A seara não pertence a quem a semeia, pertence ao bicho que a rouba e come".

Sendo homem da terra, do chão, dos cheiros da natureza, muito embora culto, eu só posso concordar. Para um espírito muito suave - a não ser quando sente-se desafiado -, esse tipo de sabedoria condensada é sem dúvida ensinamento.


sábado, 12 de novembro de 2011

Pandora por Waterhouse



John William Waterhouse, pintor nascido em 1849, na Inglaterra, esforçou-se para ser escultor; no entanto algo fugiu ao controle e ele se transformou num pintor. Especializou-se em figuras femininas relacionadas à Mitologia. Muito cuidadoso com os detalhes, recebeu críticas negativas por criar cenas demasiado artificiais.

O quadro acima foi sugestão de uma amiga que entende mais de pintura do que eu. Ela própria desenha e pinta, sob o olhar atento de uma professora oriental. Se não me engano, o interesse por estudar Chinês veio precisamente daí, quer dizer, o interesse pelo idioma significava uma hipótese de encontro mais íntimo com uma parte preciosa da cultura oriental.

Lívia sugeriu outro quadro, em que Pandora, de cabelos negros e roupa mais escura, abria uma caixa grande, apoiada num pedestal improvisado. Estava ajoelhada, com ar que me agrada menos do que o desta Pandora.

Gosto desta Pandora comedida, cabelo atado à nuca, curiosa com um objeto que pode reter entre as duas mãos. 

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