Vou logo remetendo para um endereço virtual com uma análise muito caprichada de um dos filmes que passo a relembrar.
Pareceu-me que o autor do comentário que assinalo, Ruy Gardnier, escolheu uma abordagem bastante boa, falando da maneira de filmar e da relação do filme com filmes posteriores, quer dizer, com aqueles que o utilizaram num detalhe ou num elemento importante:
A minha recapitulação é bem mais modesta, por força da minha formação, e tem que ver com o dia de hoje.
Depois de ouvir à hora do almoço uma notícia mais ou menos curta sobre troca de prisioneiros entre Israel e Palestina, lembrei de filmes bonitos a que já assisti e que provinham do Oriente.
Pensei em Onde fica a casa do meu amigo? (Khane-ye doust kodjast?, Abbas Kiarostami, 1987) e em A noiva síria (The Syrian Bride, Eran Riklis, 2004). Um deles iraniano, o outro, produção conjunta de Israel, França e Alemanha. O iraniano recebeu prêmio no Festival de Locarno.
O 1º apela mais ao nosso sentido de proteção, às nossas idiossincrasias sobre o crescimento pessoal, pois na trama há um menino ainda pequeno que precisa resolver um mal entendido com o professor e com um colega, antes que seja recusada definitivamente a sua permanência na escola.
Para isso, ao som de um instrumento que é capaz de ser uma espécie de pandeiro (mil perdões aos que entendem de música, mas ainda não consigo dar a informação com precisão), vai a pé até outro povoado, com dificuldade e sem o conhecimento da mãe, que aliás conta com ele para tarefas domésticas que devem ser realizadas àquela mesma hora.
É sofrido, mas é suposto ser igualmente engraçado, eu acho...
Uma única turma muito reduzida, um professor severo, se considerarmos o caso de acordo com nossos parâmetros ocidentais, uma mãe exigente, um menino distraído e afinal responsável!
São aquelas passagens a que nos sujeitamos ou somos realmente obrigados, para aprender enquanto observamos os mais velhos. Descobrimos muitas coisas, comparamos, ganhamos uns traumas e com sorte alguma sensação de alívio. É a nossa bagagem para andar livremente, sejam quais forem os caminhos. É o nosso bilhete, nosso passaporte. São travessias, portas de entradas para mundos regidos por lógicas que até então desconhecemos.
Sem querer, aderimos ou a uma ou a outra lógica de funcionamento e pronto. Os anos que serão gastos a colocarmos em prática, aparando arestas às vezes, sem a menor introspeção, na maior parte dos casos.
O menino se safa. O filme passa a ser um daqueles filmes queridos.
Eu, a quem as ideias sobre educação são em especial bem vindas, pois se trata da minha opção de vida, nada menos do que isso, não pude deixar de me agarrar à lembrança desse filme.
E o 2º? A noiva síria.
Tenho uma lembrança bem mais vaga, confesso. Pretendo ver de novo e, só daí, postar alguma impressão renovada.
Se saí do cinema, há 5 anos, com a sensação agradável de ter acabado de assistir a um filme recheado de temas pra fazer pensar e sentir, tenho a certeza de que alguma coisa de interessante se vai processar aqui dentro, de novo.