Pondera, Pandora, como se isto fosse um diário

Pondera, Pandora, como se trabalhasse para rever-se, inteira, neste diário

Um ou dois aforismos
Não sei explicar o motivo, mas sempre ouvi com um misto de curiosidade e desconfiança as pessoas que gostam de dar opinão introduzida mais ou menos assim: "como diz o poeta" ou "e como disse o outro". Apesar disso, coleciono alguns aforismos, cujos autores eu prefiro indicar a deixar no ar.

Teixeira de Pascoaes, por exemplo, tinha uns fantásticos: "Amar é dar à luz o amor, personagem transcendente"; "Só os olhos das árvores vêem a esperança que passa"; "Existir não é pensar; é ser lembrado"; "A indiferença que cerca o homem demonstra a sua qualidade de estrangeiro"; "Vivemos como num estado de transmigração para a nossa fotografia".

Ele viveu em Amarante! Pena que não se respire o mesmo ar nos dias de hoje...

O aforismo dele de que eu mais gosto, no entanto, entre os que saíram publicados pela Assírio & Alvim, traz o seguinte:

"A seara não pertence a quem a semeia, pertence ao bicho que a rouba e come".

Sendo homem da terra, do chão, dos cheiros da natureza, muito embora culto, eu só posso concordar. Para um espírito muito suave - a não ser quando sente-se desafiado -, esse tipo de sabedoria condensada é sem dúvida ensinamento.


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sensações da avenida

Quando o combustível acaba



Quando o combustível acaba, é altura de reabastecer.

É simples assim.

Outros raciocínios, que assombram antes do começo, são bem-vindos em outra altura:

Onde estão os tanques cheios de combustível, que eu não os vejo?

Quais caminhos poderei percorrer, com o tanque novamente cheio, eu que já me senti tão incapaz de discernir?

É preciso respirar fundo e dizer que há uma providência mais urgente do que limpar a casa, do que comprar bananas, do que deitar à hora prevista.

É preciso começar, antes de desvalorizar a liberdade que vem pela frente.

"Liberdade! liberdade! abre as asas sobre nós"


Olha que eu já cantei esse samba...